30 setembro 2006

Uma imagem ou mil debates?

TESES EQUIVOCADAS SOBRE O VOTO EM LULA

Cinco idéias falsas que impedem a adequada compreensão de como se formaram as intenções a favor da reeleição
Por Marcos Coimbra

A íntegra da pesquisa CartaCapital/Vox Populi pode ser encontrada na edição impressa.

A quinta rodada da pesquisa CartaCapital/Vox Populi, realizada, entre 16 e 19 de setembro, a apenas dez dias da eleição, confirma os principais resultados das que fizemos nas últimas semanas, daqueles de nossa rodada anterior, nos dias 26 e 27 de agosto, e das realizadas por outros institutos no mesmo período: o favoritismo de Lula e as grandes chances de ele vencer as eleições no primeiro turno.

Lei Pelé
O preconceito de que o eleitor não sabe votar é a base para muitos dos erros de análise
O favoritismo do presidente permanece e até aumenta, se consideramos que o tempo é cada vez mais curto para seus adversários. Com três quartos do horário eleitoral já transcorridos, não houve qualquer redução de sua vantagem sobre a soma das intenções de voto nos demais candidatos. Em agosto, contra os 50% de Lula, somavam 36% seus adversários; nesta última pesquisa, ele tem 51% e os outros, juntos, 34%.

Por outro lado, reforçou-se a tendência à consolidação das intenções de voto em Lula, que vinha acontecendo desde os primeiros dias, após o começo do horário eleitoral: no fim de agosto, a relação entre voto espontâneo e estimulado já era muito alta, de 86%, e agora chega a 90%, sugerindo que apenas um em cada dez eleitores que pensam votar Lula é “menos definido”, o que se confirma com os 86% que afirmam estar “decididos e não pretendem mudar de idéia” sobre esse voto.

Lula está melhor hoje que, por exemplo, Fernando Henrique em meados de setembro de 1998, quando faltavam poucos dias para a sua reeleição. Em pesquisa nossa de então, FHC tinha 41% na espontânea e 49% na estimulada, índices inferiores, ainda que pouco, aos que Lula alcança nesta pesquisa.

Será que os acontecimentos dos últimos dias, com as novas trapalhadas de petistas dentro e fora do governo, vão mudar esse favoritismo? Será que o “dossiê” contra Serra, com suas ridículas maquinações e personagens, vai atingir o presidente?
Pode-se dizer, com segurança, que, passados os primeiros três dias com o assunto em pauta, nada ocorreu. Se daqui para a frente algo vai acontecer, só nos resta esperar para saber. Entretanto, somos livres para especular.

Pessoalmente, acredito que Lula continua favorito para ganhar as eleições no dia 1º de outubro, pela simples razão de que ele tem já, por tudo que as pesquisas indicam, um número de eleitores decididos amplamente suficiente para isso. Ou seja, as pessoas que dizem ter certeza de que vão votar em Lula bastam, mesmo se desistirem todos os que apenas quando estimulados optam por seu nome, chocados pelo assunto do “dossiê”.
Os “decididos” por Lula chegaram a essa conclusão depois de um longo período de consideração, que foi amadurecendo desde quando, com o “mensalão”, tiveram de pensar se era mesmo em Lula que iriam votar nas eleições de 2006. Para chegar à conclusão que dizem ter chegado, tiveram de pensar muito e avaliar denúncias até mais graves que as de hoje, pois envolviam diretamente o governo e pessoas muito mais centrais que o submundo atualmente em discussão. Se aqui chegaram “firmes”, não parece ser pelo que estão ouvindo agora, quando faltam dez dias para a eleição, que vão mudar. Tudo isso, é claro, se forem as que conhecemos as “novas denúncias”.

Talvez seja a hora, então, de nos perguntarmos qual a natureza do voto em Lula, porque tanta gente diz pretender votar nele, tanta, que tudo aponta para sua vitória em primeiro turno. Mais que um exercício acadêmico, isso pode ser essencial para que saibamos, como País, tirar das eleições que se avizinham aprendizagem e conseqüências, seja para o próximo quadriênio, seja para o futuro.

Parece-me que o primeiro passo é desfazer alguns equívocos que, a meu ver, têm impedido a adequada compreensão do que são e de como se formaram as intenções de voto em Lula. São cinco as principais teses equivocadas, que circulam quase desimpedidas no discurso de ampla porção de nossas elites, na sociedade e entre “formadores de opinião”:

1ª O voto em Lula é um voto “cínico”
É impressionante como essa suposição está presente nas opiniões e avaliações sobre a provável vitória de Lula este ano. Desde leigos a pessoas que se acham muito informadas, passando por eleitores que, eles próprios, pensam em votar no presidente, forma-se o sentimento de que é o “cinismo” do eleitor que explica o fato de Lula estar à frente.
Subjacente a essa idéia, parece estar o argumento que, para quem pretende votar em Lula, ética, moral, respeito às leis, são palavras sem sentido. Aceitar Lula é, assim, aceitar o vale-tudo e o jogo sujo, seja por concordar com ele, seja por não acreditar que exista alternativa.

Quem vê os eleitores de Lula dessa maneira não tem idéia de como foi traumático, para a quase totalidade deles, o “mensalão” e tudo que com ele veio à tona. Aquelas denúncias levaram os eleitores a uma revisão profunda de suas opiniões sobre o presidente e o PT, com a qual se debateram durante meses. Quem, como nós, acompanhou esse processo, através de inúmeras pesquisas, qualitativas e quantitativas, sabe que muitos desses, incluindo eleitores que sempre haviam votado Lula, hoje estão pensando em votar nos demais candidatos. Outros, como as mesmas pesquisas mostram, decidiram-se por Lula, mas nunca ignorando ou menosprezando o “mensalão”.

O voto em Lula não é, portanto, um voto de quem “não está nem aí” para a ética. Lula está sendo votado apesar do “mensalão” e não porque o “mensalão” é irrelevante para seus eleitores.

2ª O voto em Lula é um voto “burro”
Quando procuram “explicar” as razões de uma vitória de Lula, muitas pessoas em nossa elite ficam perplexas com a “burrice” do eleitor, que não consegue entender o “mensalão” e “tudo o que ele quer dizer” sobre Lula e seu governo. A isso se agrega a visão de que eleitores educados não votam Lula, sendo apenas entre analfabetos que está sua intenção de voto.

Os dados dessa e de muitas outras pesquisas não mostram isso, ao contrário. Lula não perde de Alckmin em nenhum nível de escolaridade e, em seu pior desempenho, empata com ele entre pessoas com escolaridade mais alta. Ou seja, há tantos eleitores com educação superior pensando em votar Alckmin, quanto em Lula.

Quanto ao argumento da “incapacidade de entender o mensalão”, o que estamos vendo é que muitos eleitores, sem desconhecê-lo (e sem achar que é irrelevante), apenas não fizeram aquilo que a oposição a Lula, ao que parece, queria que fizessem: que julgassem Lula e seu governo com o único critério do “mensalão”. Assim procedendo, ou seja, se recusando a uma avaliação tão simples e unidimensional, revelaram-se capazes de um julgamento mais “sofisticado” e complexo, tudo menos “burro”.

3ª O voto em Lula é um voto “manipulado”
Uma terceira maneira de desqualificar o voto de eleitores que pensam em Lula é dizer que é um voto “manipulado” por mistificações de vários tipos, da comunicação e do marketing, mas, especialmente, do Bolsa-Família, o “mensalinho” dos muito pobres, como se chegou a dizer.

Essa tese não se sustenta em nada de sólido. As evidências de que o Bolsa-Família “explica” o voto em Lula nas famílias beneficiárias, ao contrário, são muito frágeis. Para sustentar o argumento, seria necessário mostrar, por exemplo, que eleitores de famílias análogas, mas onde não há beneficiários, votam de maneira significativamente diferente, coisa que, até agora, não foi demonstrada com adequado rigor.

Se, no plano individual, a prova é, no mínimo, inconclusiva, no plano coletivo é menos ainda. Se fosse verdade que o programa tem esse tipo de impacto, seria razoável esperar que, em cidades onde a cobertura é maior, a propensão a votar em Lula aumentasse, seja por haver mais beneficiários diretos, seja por haver ganhos indiretos (no comércio, especialmente) que seus habitantes creditassem a ele.

Com base em pesquisas como as que fazemos, nós e os demais institutos, não se pode dizer isso, nem de longe. O que temos, quando classificamos os municípios incluídos em nossa amostra em categorias de cobertura, indo de “baixa”, “média”, “alta” a “muito alta”, é que todos os tipos de município tendem a votar de maneira semelhante. Ou seja, não há qualquer relação entre viver em municípios de “baixa” ou “muito alta” cobertura e votar ou não votar em Lula.

O Bolsa-Família é importante fator de voto em Lula, ainda que menos, para o eleitorado popular, que a política de salários e de preços que, em seu entender, o governo pratica e que é boa. Ambos são uma confirmação do que mais esperavam de Lula como presidente, por tudo o que ele tinha sido na vida: alguém que ia fazer diferença exatamente aí, nas condições de vida dos mais pobres. O Bolsa-Família é muito mais significativo como símbolo, do que como a “esmolinha” que muitos imaginam que é. O programa é a promessa cumprida, o compromisso básico que Lula honrou.

4ª O voto em Lula é um voto “nordestino”
Das teses não substanciadas sobre o voto em Lula, a que mais facilmente se desmente é a que afirma que “Lula ganha por causa do Nordeste”, por isso se entendendo que sua vitória seria uma oposição entre o Brasil “moderno” e o “atrasado”. Na fantasia de alguns articulistas, trazendo riscos de chegar à “ruptura” entre os dois.

Uma simples observação da tabela abaixo mostra que essa idéia não se sustenta:
Em outras palavras e ao contrário do que imaginam muitos: Lula parece ter condições de vencer as eleições no primeiro turno, com ou sem o voto do Nordeste. É fato que ele tem muitos votos na região, mas também é verdade que ele é votado, e muito, no que essas pessoas pensam ser o Brasil “moderno”.

5ª O voto em Lula é um voto de “miseráveis”
A última de nossas teses equivocadas (que poderiam ser até mais, tantas são as concepções sem fundamento atualmente em curso) é outra em que nossa elite parece acreditar piamente: Lula vai ser eleito pelos “miseráveis” e contra a vontade do resto do País.

A base para esse equívoco é a apressada leitura de resultados de pesquisas, amplamente propagadas por parte da imprensa, que mostrariam que Lula perde “de muito” nas classes de renda mais alta, mas compensa esse “fracasso” com alta intenção de voto entre os muito pobres. Entre esses (e aí este se liga ao equívoco anterior), Lula vence, pois “comprou” seu voto com as migalhas que distribui.

Qualquer profissional de pesquisa sabe que tirar conclusões de subamostras muito limitadas não é admissível. Na maior parte das vezes, no entanto, é isso o que ocorre: em uma amostra nacional com 2 mil entrevistas (qualquer que seja o tamanho de eventuais expansões estaduais), entrevistados de famílias com mais de dez salários mínimos de renda, são cerca de cem, se não se fizer uma cota específica. Em um estrato desse tamanho, a margem de erro pode passar de 30%, tornando qualquer interpretação puro exercício de fantasia.

Para indicar quão frágil é o argumento, podemos ver na tabela abaixo o resultado das respostas sobre intenção de voto entre pessoas com esse nível de renda, em uma amostra cumulativa com cerca de mil entrevistados, ou seja, com tamanho adequado:
O que os dados mostram é que Lula e Alckmin estão muito próximos na intenção de voto desse tipo de eleitor, a rigor empatados, na margem de erro, nacionalmente. Não há, portanto, razão para dizer que o voto em Lula é “miserável”. Considerando apenas os segmentos com renda relativamente mais elevada, ele tem tantos votos quanto o candidato do PSDB.

A virada é realidade. Segundo turno na Bahia

A poucas horas das eleições, a TV Bahia, afiliada da TV Globo, divulgou a última pesquisa Ibope, que indica o segundo turno no Estado.

O candidato Paulo Souto (PFL) tem apenas com 51% dos votos válidos (descontados os índices de votos brancos e nulos).

Jaques Wagner (PT) tem 41%. Os outros candidatos somam 8%.

Isso indica que são 51% a 49%. Apenas 2% para Souto, porém com o diferencial de que Wagner está em ascenção e Souto em vertiginosa queda, como já divulgado aqui.

O Ibope ouviu 2003 eleitores baianos entre os dias 28 e 30 de setembro. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos e a pesquisa está registrada no Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE-BA) sob o número 24.209/2006.

Considerando a margem de erro de três pontos, Souto não superaria o percentual dos demais candidatos somados. O pefelista poderia ter de 48% a 54%, enquanto a soma dos demais candidatos poderia oscilar entre 46% e 52%, fator que provocaria o segundo turno.

Senado
João Durval (PDT) lidera com 34%;
Antonio Imbassahy (PSDB) tem 23%;
Rodolpho Tourinho(PFL), 22%.

Adios muchachos!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Fonte: Eudes Paiva

26 setembro 2006

Eleição será decidida no 1º turno, confirma Sensus

O caso do Dossiê Serra não teve qualquer impacto importante sobre o eleitorado brasileiro, segundo a pesquisa do instituto Sensus, divulgada na manhã desta terça-feira.

Os números continuam apontando a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já no primeiro turno, com 59% dos votos válidos. O estudo, encomendado pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), aponta que as intenções de voto de Lula ficaram praticamente estáveis:

Lula - de 51,4%, no final de agosto, para 51,1%, agora.

Alckmin - de 19,6%, no final de agosto, para 27,5%, agora.

Heloísa - de 8,6%, no final de agosto, para 5,7%, agora.

O candidato do PDT, Cristovam Buarque tem 1,6% dos votos válidos. O pedetista se manteve estável com relação ao último levantamento. Os demais candidatos não chegam a 1%.

Margem de erro de 3 pontos percentuais.

O Instituto Sensus entrevistou 2.000 pessoas entre os dias 22 e 24 de setembro, em 195 municípios do país.

Ibope já sabia
O Dossiê Serra, segundo 68% dos entrevistados pela pesquisa Ibope registrada no TSE sob o número 18.767/06 e divulgada nesta segunda-feira, não afeta mesmo o candidato do PT.

Somente 21% dos ouvidos consideraram a possibilidade de mudar o voto em função do escândalo, e parte deles acredita que Alckmin pode estar envolvido no escândalo e tende a não votar mais no tucano. Apenas 11% não sabem ou não opinaram.

Entre os eleitores do presidente Lula nas eleições de 2002, 69% não mudam o voto e 21% admitem que podem mudar. Mas entre os que dizem ter votado em Serra o resultado é semelhante: 71% não mudam e 20% podem mudar de opinião.

24 setembro 2006

Comparação com Watergate é impertinente e absurda

Lula não é Nixon, Marco Aurélio de Mello não é Bob Woodward.





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Essa comparação é curiosa para um cidadão, impertinente para um magistrado, absurda para um presidente de tribunal.
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O PRESIDENTE DO Tribunal Superior Eleitoral, ministro Marco Aurélio de Mello, precisa conter a devoção que tem pela voz do doutor Marco Aurélio de Mello. Sua comparação das malfeitorias petistas com o caso Watergate é curiosa para um cidadão, impertinente para um magistrado, absurda para o presidente de um tribunal eleitoral.

Numa entrevista aos repórteres Luiz Orlando Carneiro e Tales Faria, o ministro produziu uma salada. Perguntaram-lhe se via "semelhanças" entre os dois casos e ele disse: "Não, não vejo.... É algo muito pior! Não há comparação. Aquela escuta foi realmente muito terrível. Mas, agora, o que temos é uma somatória de desvios de poder. "Se o ministro acredita que o caso do PT é realmente "muito pior", mistura duas equipes de tabajaras, uma americana e outra brasileira, associando um episódio passado (a renúncia do presidente Richard Nixon) e uma crise recente (o envolvimento de Lula nas malfeitorias petistas).

A associação é capenga. Nixon encrencou-se quando dois assessores testemunharam que havia usado a Presidência para obstruir o trabalho da Justiça. Foi a pique quando teve que entregar as fitas das gravações clandestinas que fazia no Salão Oval. (Ele não foi o primeiro. O grampo presidencial tornara-se rotina nas reuniões de John Kennedy e nos telefonemas de Lyndon Johnson.)

Há uma diferença essencial entre o Watergate e as malfeitorias petistas: ninguém provou que Lula obstruiu investigações policiais ou a ação da Justiça. A idéia de "pior" sugere um nível de malfeitoria que não chegou (ainda) ao campo das provas. O que vem a ser um "desvio de poder", não se sabe, mas até onde a vista alcança, se alguém cometeu desvios foi o doutor Ricardo Berzoini com seu dispositivo de mídia.

Uma das boas coisas da vida para colunistas e redatores é a construção de vinhetas históricas comparando alhos com bugalhos. Quando o presidente do Tribunal Superior Eleitoral entra nesse tipo de exercício, a Justiça perde. Os repórteres Bob Woodward e Carl Bernstein achavam que o caso Watergate era "muito pior" do que se pensava, mas eram repórteres, não eram magistrados.

Enquanto a ministra Ellen Gracie estiver na presidência do Supremo, bem que se poderia criar um sistema de cotas verbais: todos os ministros podem falar quanto quiserem fora da Corte, desde que não ultrapassem em dez vezes o tamanho das falas da presidente. Como ela raramente excede duas frases por semana, ficaria tudo mais simples.

De Elio Gaspari - "Jornal O Globo"

21 setembro 2006

MOBILIZAÇÃO POPULAR CONTRA O GOLPE

A oposição criminosa de Jereissati e ACM, os fanáticos onanistas da extrema direita e os barões da imprensa movem neste momento uma ação explícita de golpe contra a democracia e o Estado de Direito.

O ridículo "escândalo do dossiê" contra José Serra e o PSDB está sendo utilizado como pretexto para melar a eleição e criar um clima de desordem institucional, inclusive com a promoção da baderna nas duas casas do Parlamento.

O momento é gravíssimo, marcado por uma agressiva ação coordenada de toda a grande mídia. Quem assistiu ontem ao Jornal Nacional, da Rede Globo, testemunhou um estarrecedor show de deturpações, exageros e de propaganda golpista.

O mesmo está ocorrendo ininterruptamente nos canais das mídias digitais. Todo o sistema de comunicação da maior agência do País, a Agência Estado, por exemplo, está sendo utilizado para desestabilizar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O site oficial e os canais particulares de notícia do Grupo Estado estão mobilizados 24 horas por dia nessa missão destrutiva, repetindo o modus operandi dos veículos de informação que prepararam o golpe contra o presidente venezuelano Hugo Chavez.

O fenômeno se repete em outras fontes informativas. A ordem geral, segundo o "consenso de mídia", grupo fortemente influenciado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, é explorar ao máximo tudo que seja desfavorável ao governo.

Simultaneamente, trabalha-se pela santificação da oposição, desenhada como vítima das "vilanias" petistas.


Vale nos conscientizarmos todos de quatro pontos fundamentais nesta guerra:

1) A compra pura e simples de informação não se constitui em crime. Pode-se admitir a prática de delito apenas em caso de uso ilegal do conteúdo, e desde que se configure em injúria, calúnia ou difamação contra instituição ou cidadão.

O material supostamente oferecido pelos Vedoin comprova, sim, a coexistência pacífica entre José Serra e os sanguessugas. Há duas opções: ou ele era partícipe do esquema ou foi incompetente para detectar os graves desvios cometidos no Ministério da Saúde.

2) Todo o esquema para a compra do dossiê foi abortado pela própria PF, o que mostra que o governo não tem utilizado os aparatos policiais do Estado em benefício próprio.

3) O grande réu neste caso é José Serra e seu partido, o PSDB. Depoimentos do criminoso Comendador Arcanjo e dos donos da Planam atestam a parceria entre o PSDB de Mato Grosso e as máfias locais.

A manipulação vergonhosa da imprensa brasileira está desviando o foco do debate. É Serra e seu partido de delinqüentes que devem explicações à sociedade brasileira.

4) A questão é a seguinte: O Excelentíssimo Senhor Marco Aurélio de Mello, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, extrapola suas funções ao emitir pareceres pessoais e políticos sobre os casos levados a sua magistratura? Pelo menos é de se espantar a reunião que fez com os líderes da oposição, no dia 18, desprezando a isenção que deveria nortear seu trabalho.

Portanto, neste momento, é importantíssimo que escrevamos imediatamente para todas as redações de jornais, revistas, TVs e emissoras de rádio para mostrar que não nos calaremos diante da tentativa de golpe. O mesmo se aplica do TSE, que deve saber de nosso alarme com o desvirtuamento da instituição.

Nesta hora, cada um tem assumir a luta em sua trincheira. Cada um tem que oferecer sua parcela de contribuição. Escrever para todos os amigos e familiares, especialmente para aqueles que não se ligam diretamente na luta política. São eles os principais alvos da campanha do golpe.

Esta é uma tarefa para ontem. É começar já!

Lula é muitos!!!

Mauro Carrara
Jornalista


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13 setembro 2006

Ibope confirma: a hora da virada chegou. Wagner cresce 10 pontos, Souto cai.

A 20 dias das eleições de 1º de outubro a pesquisa Ibope/TV Bahia, divulgada ontem (11/09) à noite, confirma que a hora da virada chegou.

Com crescimento de 10 pontos percentuais da candidatura de Wagner ao governo do Bahia, que passou de 16% na rodada estimulada de 15 de agosto, para 26%. “E vamos crescer ainda mais” afirma Wagner explicando que nas eleições de 2002, no mesmo período, o Ibope lhe dava 18% contra 56% do candidato do PFL. “As urnas acabaram me dando 38,5% dos votos válidos, uma diferença de apenas 4% para garantir o segundo turno” explica.

A pesquisa mostra que a campanha de Wagner vem crescendo a cada dia. Na primeira pesquisa realizada no dia 26 de julho, Wagner tinha 13%, na segunda em 15 de agosto 16%, agora 26%.

“A hora de virada chegou”. Paulo Souto caiu de 52% para 50%. Ou seja, a 20 dias das eleições, o quadro indica mudança. “O eleitor baiano cansou desse governo e quer uma novo projeto político, vinculado ao do presidente Lula” garante Wagner.

A pesquisa Ibope/TV Bahia foi realizada entre os dias 8 e 10 deste mês e ouviu 1.008 eleitores em 60 municípios, inclusive a capital. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais e para menos.

10 setembro 2006

Mino Carta desabafa

POR QUE A REELEIÇÃO DE LULA

O presidente até agora não aproveitou as melhores chances, mas ainda tem a de ser mediador no País dividido abruptamente entre ricos e pobres.

Há quatro anos CartaCapital fez sua opção, declarou explicitamente preferência pela candidatura Lula no confronto com José Serra. Agora volta a escolher o presidente no embate contra Geraldo Alckmin. Em 2002, não faltou quem condenasse nosso comportamento, por considerá-lo impróprio de um jornalismo isento e pluralista.

Essas definições às vésperas de uma eleição são comuns, no entanto, nas melhores mídias do mundo. De resto, aqui mesmo, o O Estado de S. Paulo apoiou abertamente a candidatura de Serra, ao contrário dos demais que alardeavam, e impávidos alardeiam, uma eqüidistância inexistente. Isto, em castiço, chama-se hipocrisia.


Criticado.
CartaCapital esperava mais, muito mais, do primeiro mandato
Dependesse dos donos da mídia nativa, não sobraria pedra sobre pedra do governo que se encerra. Outros senhores, mais céticos, afirmam que tudo dá na mesma. CartaCapital entende que a prática da política há de ser pragmática, donde encaramos a reeleição como mais conveniente para o País.

Esta revista não se furtou, nos últimos quatro anos, às críticas, às vezes contundentes, ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Fomos desabridamente contrários à política econômica da parceria Palocci-Meirelles e não hesitamos em expor a nossa insatisfação com a política social, tímida demais do nosso ponto de vista na terra vice-campeã mundial em má distribuição de renda.

Condenamos peremptoriamente a política relativa aos transgênicos, a favorecer a Monsanto, a qual, está claro, nunca mais anunciou em CartaCapital. Na área da comunicação denunciamos amiúde a submissão aos interesses da Globo, tão bem defendidos pelo ministro Hélio Costa, e nunca deixamos de exigir a apuração rigorosa das malversações de todos os gêneros.

Política, contudo, não se faz para bochechar sangue humano. Tampouco jornalismo. Justiça, em compensação, impõe fidelidade canina ao preceito inalterável: in dubio pro reo. Ninguém haverá de ser sentenciado sem provas, e estas faltaram à inquisição antimensalão, conduzida pelos torquemadas de plantão com o transparente propósito de solapar a reeleição. Ou mesmo de impedi-la por alguma forma jurássica de violência, como ainda hoje invoca Fernando Henrique, saudoso de Carlos Lacerda.

O governo Lula ficou longe daquele que teríamos desejado. Tem, entretanto, seu trunfo, a própria eleição de um ex-metalúrgico, retirante nordestino, para a Presidência da República, a despeito da ojeriza, quando não o ódio, que nutrem por ele graúdos de vários calibres, e aspirantes a graúdos.

O povo brasileiro identifica-se com um igual, e isto explica a reeleição iminente. Já escrevi, e repito: a mídia que se diz isenta deveria meditar sobre seu fracasso. Esforçou-se com empenho máximo para fazer buracos n’água.

Volta e meia, alguém aparece para nos acusar de “lulistas” e “petistas”. Não somos nem uma coisa nem, muito menos, outra. Pessoalmente, tenho a honra de ter sido o primeiro profissional a perceber no presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema, faz 29 anos, o poder de liderança, o QI alto, o carisma de alguém habilitado a fazer história.

Antes de mais nada, sinto por Lula uma ótima amizade, embora nem sempre em perfeita concórdia. O apoio de CartaCapital nasce apenas da convicção de que Lula ainda dispõe de documentos em dia para exercer a mediação, mais cedo ou mais tarde inevitável, entre ricos e pobres, poucos aqueles, muitíssimos estes, até a exorbitância.

Quem não percebe a gravidade da situação a meu ver vive em um limbo atroz. O conflito de classe, como se deu na Europa, entre 1800 e 1900, nem seria imaginável por aqui. A industrialização por lá criou um proletariado que almejava as benesses burguesas e, portanto, partidos de esquerda autênticos e sindicatos fortes. Em boa parte, conseguiram o que queriam.

Observa-se, aqui, outro fenômeno. Retas opostas que miram no infinito e na incerteza, uma é o caminho dos privilegiados, de matizes bem distintos, neste canto onde quem ganha dez salários mínimos tem direito a se apresentar como classe média. Média? E os donos do poder? E os grandes executivos, os grandes jornalistas, os grandes publicitários, os grandes futebolistas? Grandes? Bah...

Eis a aristocracia verde-amarela. Outra reta é caminho de todos os demais, maioria de formigueiro, enquanto no meio, entre a primeira e a segunda, fermenta a miséria, avassaladora, implacável, com o impulso negativo, e decisivo, do crescimento pífio. Insuficiente. A cada ano, o abismo aprofunda-se, e é nele que medram o PCC, o tráfico dos morros, a espantosa insegurança das nossas cidades.

E medram o desalento, o desencanto, a desilusão. E o ressentimento, o rancor, a raiva. Soletra-se que o povo brasileiro é cordial, para significar resignado. Submisso. Não será para sempre, e claros sinais da insatisfação estão no ar, em meio à despolitização progressiva.

O Brasil não precisa de salvadores da pátria, precisa é de um mediador. Para tanto, na arena, Lula é o mais qualificado. Resta ver se saberá estar à altura da tarefa, de verdade imponente. CartaCapital faz a sua aposta, com a devida cautela. Há quem sustente que pretendemos compensações. Troca alguma, é óbvio.

Do governo gostaríamos apenas de isonomia na distribuição da publicidade governista. Foi o que esperamos em 2003. Vínhamos de largo período de vacas da savana, graças ao democrata FHC, que praticamente nos negou seus anúncios oito anos a fio. Não é que a isonomia tenha sempre vigorado durante os quatro anos lulistas. Por exemplo, CartaCapital faturou menos junto ao governo do que Exame, da Editora Abril, revista quinzenal de business. A nossa é semanal de política, economia e cultura. Que, aliás está a ser inventada nos Estados Unidos pela Time.

O novo diretor do news magazine anuncia a mudança radical em tempos de internet: vai investir em opinião e análise, eventualmente em informação exclusiva, e sair às sextas-feiras, em lugar das segundas. Bem, o mundo se curva. Já o Brasil... Experimento o impulso de recontar uma história deplorável, capaz de mostrar certas dificuldades da nossa relação com um governo que, segundo nossos solertes detratores (caluniadores?), nos beneficia com generosidade infinda.

Quando Tarso Genro ocupou a pasta da Educação, a Editora Confiança apresentou o projeto de publicação mensal destinada ao ensino médio. Foi recebido com entusiasmo. Mas quando chegou a hora de pôr os pingos nos is, ente atônitos e perplexos, os representantes da editora de CartaCapital tiveram de sentar-se ao lado dos colegas de Veja, Época e IstoÉ.

O coordenador ministerial da reunião extraiu da pasta o número zero daquela que teria de ser Carta na Escola e disse: eis o modelo, façam igual, cada um a cada semana. A quadratura do círculo: o mês, como se sabe, tem quatro semanas. Claro incentivo à cópia e consagração da falta de ética. E demonstração da subserviência aos interesses dos senhores da mídia.

A Editora Confiança decidiu bancar Carta na Escola por conta própria, e a mensal completa nestes dias nove meses de vida. Do Ministério da Educação queremos distância.

Leia mais na CartaCapital desta semana.