18 abril 2013

TSE cobrará de políticos cassados gastos com eleições suplementares

Presidente do TSE, ministro Ricardo Lewandowski, discursa após assinatura de convênio com a AGU.

TSE e AGU firmam convênio para cobrar de políticos cassados gastos com pleitos suplementares


“Este convênio possui um significado maior, justamente o significado pedagógico: uma mensagem que nós mandamos àqueles candidatos que não queiram agir corretamente, dando causa às anulações das eleições, que tomem mais cuidado". A declaração foi dada pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Ricardo Lewandowski, após a assinatura, nesta quinta-feira (12), de convênio entre o TSE e a Advocacia-Geral da União (AGU). A parceria facilitará a recuperação judicial de recursos gastos pelo erário com as chamadas eleições suplementares.
De acordo com levantamento feito pelo TSE, a União já gastou cerca de R$ 6 milhões com os pleitos suplementares desde 2004, sendo que quase metade deste valor foi gasto em 2010 e 2011.
Após a assinatura do acordo com o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, o ministro Ricardo Lewandowski, ressaltou que os gastos decorrentes de eleições suplementares, para as quais candidatos cassados “deram causa”, são recursos públicos que devem ser recuperados. O ministro lembrou que a legislação permite à União buscar ser ressarcida por quem supostamente causou dano ao erário.
“É um dinheiro público, é um prejuízo, um dano que foi causado ao erário em função de um ilícito praticado e o nosso ordenamento jurídico autoriza, então, que esses danos sejam regularmente ressarcidos”, disse o ministro.
A remessa das informações sobre eleições suplementares convocadas em razão de cassações de políticos eleitos, por práticas de abuso de poder econômico, político ou compra de votos, permitirá que a Advocacia-Geral da União (AGU) possa ingressar com ações cobrando dos políticos os custos das eleições que provocaram.
Lewandowski disse ainda que eleições suplementares importam “a mobilização da máquina eleitoral, mobilização nos TREs, de servidores, juízes, mesários, a requisição de força federal aos municípios [nos casos aprovados pelo TSE]”, o que causa sempre certo transtorno e gastos.

Ao destacar em seu pronunciamento o “caráter pedagógico e didático”, o presidente do TSE frisou que a parceria também serve de “alerta” tanto para os políticos cassados que causaram a necessidade de realização de eleições suplementares como para os partidos, a fim de que escolham melhor seus candidatos. "Dessa forma nós estaremos contribuindo para a moralização dos costumes políticos”, disse o ministro.
O advogado-geral da União, Luís Adams afirmou, por sua vez, que com este acordo de cooperação a AGU atua em parceria com a Justiça Eleitoral, que, segundo ele, já coíbe prontamente os abusos eleitorais cometidos por candidatos.
“Eu acredito que essa colaboração que a AGU presta à Justiça Eleitoral, em conformidade com esse convênio, é algo que vem aperfeiçoar um modelo que já funciona muito bem. Eu me sinto particularmente enaltecido por estar assinado esse ato como forma de fazer avançar mais a nossa democracia e a legitimidade da nossa representação política que tem sido cada vez mais aperfeiçoada”, disse Adams.

A eleição suplementar ocorre sempre que o pleito regular é anulado, devido ao indeferimento do registro de candidatura do eleito ou da cassação do seu mandato. Para realizar os pleitos suplementaresa, a Justiça Eleitoral tem uma série de gastos referentes ao pagamento de despesas com auxílio alimentação dos mesários e transporte de urnas eletrônicas, entre outros. De dezembro de 2008 para cá, após as eleições municipais daquele ano, foram realizadas 176 novas eleições sendo que outras quatro estão agendadas para os meses de janeiro, fevereiro e março de 2012.

Terceiro acordo
O presidente do TSE destacou que o acordo de cooperação com a AGU é o terceiro firmado pelo Tribunal nos últimos anos, no sentido do constante aprimoramento da Justiça Eleitoral.
O ministro lembrou, no evento, que o Tribunal já assinou acordo com o Ministério da Justiça colocando à disposição do órgão sua base dados para que pudesse suprir o sistema RIC, necessário à emissão da nova carteira carteira de identidade. Em contrapartida, o TSE assegurou que os eleitores tivessem prioridade na obtenção da carteira.
Outro acordo de cooperação assinado pelo TSE foi com a Caixa Econômica Federal (CEF) no momento em que a Justiça Eleitoral começou a realizar o recadastramento biométrico de 10 milhões de eleitores visando à eleição municipal de 2012. No convênio, a Caixa disponibilizou para a Justiça Eleitoral Kits Bio, equipamento utilizado para coleta de digital e fotografia de eleitores. Em compensação, a Justiça Eleitoral forneceu à Caixa alguns dados necessários para que a instituição pudesse fazer pagamento de benefícios. “Esse acordo com a AGU é também da mais alta importância”, salientou o ministro.
O ministro disse ainda que de 2004 a 2011 os gastos da Justiça Eleitoral com essas eleições atingiram R$ 6 milhões, “o que é uma importãncia bastante considerável”.
O acordo foi assinado no gabinete da Presidência do TSE, localizado no 9º andar da nova sede da Corte, no Setor de Administração Federal Sul, em Brasília-DF.

O acordo
Por meio da parceria firmada nesta quinta-feira, que valerá por cinco anos, a Justiça Eleitoral repassará à Advocacia-Geral da União informações acerca dos políticos que tiveram seus mandatos cassados ou os registros de candidatura indeferidos, ocasionando, assim, a realização de novas eleições. Os dados serão transmitidos sem a emissão de nenhum juízo por parte do TSE, para que a AGU avalie se deve responsabilizar judicialmente e cobrar de determinado político o custo gerado ao erário devido à anulação do pleito regular e a consequente realização do pleito suplementar.
A Justiça Eleitoral também informará a AGU sobre os custos de realização das novas eleições. A partir daí, os advogados da União poderão ajuizar ações civis públicas de ressarcimento cobrando os valores gastos nos pleitos suplementares
.
Essas ações tramitarão na Justiça Federal. Isso porque, segundo o art. 109, inciso I, da Constituição Federal, cabe aos juízes federais processar e julgar “as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho”.

Eleições suplementares
A Justiça Eleitoral realiza eleições suplementares quando o candidato eleito em primeiro turno e com mais de 50% dos votos tiver o registro indeferido ou o mandato cassado por prática de alguma irregularidade ou crime eleitoral, observado o período restante do mandato e as regras específicas.
Alguns exemplos são compra de votos, abuso de poder político ou econômico e utilização indevida dos meios de comunicação, entre outros. Isso porque a condenação gera anulação do próprio resultado do pleito.
EM/VM

Fonte: TSE Notícias

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12 abril 2013

Prefeito de Boninal tem registro cassado pelo TRE

Decisão acolhe parecer do procurador Regional Eleitoral, que se manifestou pelo indeferimento do registro de Vitor Paiva. O prefeito foi “candidato surpresa”, substituindo Ezequiel Paiva a menos de 24 horas das eleições.
O prefeito do município de Boninal/BA, Vitor Souza Oliveira Paiva, teve seu registro de candidatura cassado nesta terça-feira, 9 de abril, e terá que deixar o cargo assumido no início deste ano. A decisão acolheu o pronunciamento do procurador Regional Eleitoral, Sidney Madruga, que considerou fraude à legislação a troca de candidatos a menos de 24 horas do primeiro turno das eleições.
Vitor Souza Oliveira Paiva apareceu como “candidato surpresa” e foi eleito no lugar de seu pai, Ezequiel Oliveira Santana Paiva, que teve seu pedido de registro de candidatura indeferido. Ao invés de renunciar quando soube do indeferimento, Ezequiel continuou agindo como candidato durante toda a campanha e indicou Vitor para substituí-lo apenas às vésperas do primeiro turno das eleições. Nas urnas, inclusive, os eleitores viram a variação nominal, o número e a fotografia de Ezequiel.
Segundo a Resolução TSE nº 23.373/2011, em caso de substituição de candidatos, é preciso que haja ampla divulgação do fato para esclarecer o eleitorado. Em Boninal, apesar de um mini-trio elétrico ter circulado por algumas ruas da cidade anunciado a renúncia do primeiro candidato, em nenhum momento foi citado o nome do candidato substituto. Além disso, a publicidade foi tão restrita que não alcançou a zona rural, onde vive maior parte dos eleitores do município, localizado a 513 km de Salvador.
Para o procurador Regional Eleitoral Sidney Madruga, ficou clara a intenção de usar o nome do candidato substituído para ganhar as eleições, já que o eleitorado não teve acesso a informações sobre Vitor Paiva como suas qualificações básicas, vida pregressa e aptidão para o exercício da função de prefeito. O entendimento foi acolhido pelo Tribunal Regional Eleitoral da Bahia, que determinou a cassação do registro de candidatura de Vitor Paiva, resultando na perda do cargo de prefeito.

Assessoria de Comunicação
Ministério Público Federal
Procuradoria Regional Eleitoral na Bahia
Tel.: (71) 3617- 2295/2296/2299/2474/2200
E-mail: ascom@prba.mpf.gov.br
www.twitter.com/mpf_ba
11/04/2013

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Deboche na comemoração. A partir da esquerda: Vitor, o filho, com registro ora indeferido; a avó de Vitor e mãe de Ezequiel, Olivier; desconhecido com o cartaz debochante; e Ezequiel, o pai, também indeferido em 05.09.2012 por ter participado do esquema "sanguessuga".

02 abril 2013

Fábio do Sem Terra foi assassinado em Iguaí



Fábio dos Santos Silva,  conhecido como Fábio do Sem Terra ou Fábio do PT, foi assassinado com 15 tiros, por pistoleiros, por volta do meio-dia, em uma estrada vicinal, que dá acesso ao distrito de Palmeirinha, próximo ao Ribeirão das Flores, a poucos quilômetros de Iguaí.

Segundo informações de amigos, ele estava na cidade com sua família e se dirigia para a sua casa no distrito, quando foi seguido por uma moto e começaram os disparos. De acordo com declarações da esposa de Fábio, eles atiraram e, assim que o carro parou, se aproximaram para disparar mais tiros, levando-o ao óbito ali mesmo no veículo que dirigia, um Fiat Uno.

Fábio dos Santos Silva estava acompanhado da mulher e da filha, que não sofreram nenhum ferimento. A polícia aguarda a perícia técnica no local para as averiguações.

Não há confirmação do motivo do crime, mas familiares, que estavam no local, disseram que Fábio vinha recebendo ameaças constantemente. Essa informação também foi divulgada, poucos momentos após a sua morte, no site do MST, pelo Deputado Valmir Assunção (PT-Bahia). Ele era pedagogo, especialista em Educação do Campo, e líder do Movimento dos Sem Terra em Iguaí. Também foi candidato a vereador nas eleições municipais, em Iguaí, no ano passado.

Veja mais: Site do MST


01 abril 2013

Viomundo: Luiz Carlos Azenha

http://www.viomundo.com.br/denuncias/globo-consegue-o-que-a-ditadura-nao-conseguiu-extincao-da-imprensa-alternativa.html


A partir hoje arquivos do DEOPS podem ser consultados pela internet

Os arquivos e prontuários do extinto Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo (Deops) foram colocados na internet para consulta pública nesta segunda-feira (1º).

O DEOPS/SP, denominado Delegacia de Ordem Política e Social em sua origem e, posteriormente, como última denominação, Departamento Estadual de Ordem Política e Social, foi criado em 30 de dezembro de 1924, através da Lei nº 2.034/24, que visava reorganizar a polícia do Estado. Esse órgão tinha como objetivo prevenir e reprimir delitos considerados de ordem política e social contra a segurança do Estado. Para isso, desenvolveu um grande aparato para monitoramento das atividades de pessoas e grupos considerados potencialmente perigosos à ordem vigente. 

Um dos principais instrumentos utilizados por essa vigilância foi a documentação: o acervo DEOPS/SP foi constituído, ao longo dos anos, pela documentação produzida por esse órgão e também de documentos apreendidos pelos órgãos de repressão. Sendo assim, podemos entendê-la como um espelho da forma de funcionamento das estruturas repressivas no estado de São Paulo. 

O contexto de instalação do DEOPS remete a uma época em que ocorreram agitações e mobilizações políticas no país, como greves trabalhistas, a formação do Partido Comunista do Brasil (PCB) e o movimento tenentista. O DEOPS/SP permaneceu em atividade até 1983, atravessando distintas conjunturas políticas e econômicas. Mesmo em períodos ditos democráticos, como no da República Liberal de 1945-1964, ele se manteve em operação. 

Para cada período de atuação, o seu arquivo revela quais os principais indivíduos e grupos temidos pela ordem: quando da criação do DEOPS, no governo de Arthur Bernardes, os anarquistas e comunistas operários constituíam a maioria dos fichados pela polícia política; já nos anos do governo de Getúlio Vargas, que correspondiam à Segunda Guerra Mundial, o “perigo” mais vigiado eram os imigrantes com nacionalidade ligada ao Eixo.