04 abril 2006

Mentira, difamação e calúnias dominaram CPI dos Correios, acusa Gushiken

Documento produzido pelo chefe do Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Luiz Gushiken, traz uma série de esclarecimentos sobre as denúncias feitas nos últimos meses contra ele, a Secon e as relações desta com empresas estatais, ministérios, fundos de pensão e contratos de publicidade com o empresário Marcos Valério.

No documento, intitulado Fatos & Verdades, Gushiken faz duras críticas à “proliferação de comportamentos abusivos, danosos à imagem pública de instituições e pessoas inocentes” que tomou conta da CPMI dos Correios durante seu processo investigativo.

Segundo ele, o “palco da CPI” acabou adotando uma “regra inquisitorial”, segundo à qual “a suspeição equivale a prova”. Com essa máxima, na avaliação de Gushiken, a comissão parlamentar transformou-se em “terreno fértil para disseminar o veneno do desrespeito, da mentira e da difamação” – armas usadas pelos adversários do governo Lula na guerra política que se armou a partir de então, com o único objetivo de conquistar o poder e destruir reputações.

“Nesse contexto, fui vítima de informações falsas e de calúnias, lançadas por detratores profissionais. Com este documento, espero oferecer elementos para contrapor, mais uma vez, à avalanche da desinformação e às versões que a oposição logrou consagrar”, afirma Gushiken.

Acusados
O advogado do ex-ministro José Dirceu (Casa Civil), José Luiz de Oliveira Lima, classificou o relatório como "peça fictícia". "Não posso comentar ponto a ponto porque ainda não tive acesso ao relatório. Mas conheço os fatos e o processo e não tenho dúvida de que é fruto da mente criativa do relator", declarou. Dirceu foi acusado de corrupção ativa.

Para o advogado do ex-presidente do PT, José Genoino, Luiz Fernando Pacheco, "o relator exagerou". "O indiciamento não tem base técnica", declarou. Genoino foi acusado por crimes eleitorais, de falsidade ideológica e corrupção ativa.

O advogado Arnaldo Malheiros Filhos, que representa o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o ex-secretário-geral Silvio Pereira, disse que eles não se pronunciariam sobre o relatório. Delúbio foi acusado de falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, crime eleitoral, corrupção ativa e peculato; Pereira, por tráfico de influência.

Os presidentes dos fundos de pensão Previ (Banco do Brasil), Funcef (Caixa Econômica Federal) e Petros (Petrobras) negaram ter promovido operações fraudulentas e repudiaram as conclusões da CPMI dos Correios. Serraglio pediu o indiciamento de um diretor do Funcef, Demóstenes Marques, e solicitou ao Ministério Público que investigue atos praticados pela Previ e pela Petros. "Só posso entender que há motivação política menor por trás do indiciamento de nosso diretor Demóstenes Marques", afirmou o presidente do Funcef, Guilherme de Lacerda.

"Todas as operações da Petros com o BMG e o Rural obedeceram critérios técnicos e nos últimos cinco anos nunca perdemos dinheiro", afirmou Wagner Pinheiro, presidente da Petros. De acordo com o presidente da Previ, Sérgio Rosa, a conclusão das investigações, mesmo que pelo Ministério Público, irá comprovar que não houve uso político ou irregular dos fundos de pensão.

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