15 fevereiro 2006

Crise política fortalece o PT e faz aumentar número de filiados


Colunistas, acadêmicos e políticos que passaram os últimos meses de 2005 prevendo a extinção do Partido dos Trabalhadores estão sendo obrigados a rever suas análises. O PT não apenas sobreviveu à crise, como saiu maior e mais fortalecido dela.

Levantamento do Núcleo Nacional de Carteiras, ligado à Secretaria de Organização do partido, mostra que o PT iniciou 2006 com 24.165 filiados a mais do que tinha no começo do ano passado. Esse número representa a diferença entre os que entraram durante 2005 (29.583 pessoas) e os que comunicaram seu desligamento (5.418) ao longo do ano.

Segundo o estudo, os “petistas de carteirinha” eram 840.108 em janeiro de 2005, saltaram para 857.815 em julho e já somavam 864.273 em janeiro de 2006. Em doze meses, o aumento do quadro de filiados (descontando os que saíram) foi da ordem de 3%.

“No pior ano do PT, houve uma resposta firme de parcela da sociedade, que reconhece a importância do partido na construção da democracia e na conquista dos direitos dos trabalhadores”, avalia o secretário nacional de Organização, Romênio Pereira.

O detalhamento dos números revela, ainda, que as anunciadas “desfiliações em massa”, por conta do recrudescimento das denúncias e dos ataques diários, acabaram não acontecendo. Pelo contrário: o total de pessoas que se desfiliaram em 2005 foi maior no primeiro semestre (3.409) do que no segundo (2.009), quando a crise tomou maiores proporções.

Outro ponto relativo ao pouco impacto que a crise teve no prestígio do PT: de todos os que “oPTaram” no ano passado, 8.467 (ou 28%) o fizeram a partir de agosto.

Estados
Romênio lembra que tem viajado por vários Estados e, por todos os lugares onde passa, é procurado por simpatizantes que decidiram se filiar depois da crise. “São pessoas de setores sindicais, de movimentos populares, das universidades, que, diante dos ataques da direita, entraram no partido para mostrar que estão do nosso lado”, comenta.

Segundo os números do Núcleo de Carteiras, o PT vem crescendo em todos os Estados do país, sem exceção, mais o Distrito Federal. Tomando por base a comparação entre setembro de 2004 - quando se encerraram as filiações válidas para o PED (Processo de Eleições Diretas), que ocorreria um ano depois – e os números atualizados até fevereiro de 2006, o aumento líquido (descontadas as desfiliações) atinge 4,76%.

Nessa base de comparação, o partido ganhou 45 mil novos filiados e perdeu 6 mil, num saldo positivo de 39 mil.

Os Estados de maior crescimento foram Ceará (18,9%), Roraima (13,4%), Bahia (11%), Rio Grande do Norte (10,2%) e Acre (10,1%). No total de filiados, São Paulo é o Estado com maior número (196.729), seguido por Minas Gerais (86.467), Rio Grande do Sul (81.430), Rio de Janeiro (65.764) e Paraná (51.700.

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