14 fevereiro 2006

Lula: Ninguém nos fará baixar a cabeça


Mais de 1.100 pessoas lotaram a AABB (Associação Atlética Banco do Brasil), em Brasília, para comemorar os 26 anos do PT e ouvir seu fundador e filiado mais ilustre, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmar que “maturidade política, bom senso e vontade de brigar é o que não pode faltar a um petista neste momento histórico”. (leia a íntegra de seu discurso)

Centro das atenções no jantar de aniversário do partido, que aconteceu na noite desta segunda-feira (13), Lula mal teve tempo de provar a comida. Ele entrou no salão da AABB às 21h08 e foi cercado por dezenas de militantes, com pedidos de fotos, abraços, beijos e autógrafos. Levou 11 minutos para atravessar os 10 metros que o separavam da mesa onde deveria jantar. Sentou-se, mas logo teve de levantar para continuar a receber os cumprimentos e posar abraçado a petistas de todos os cantos do país. Só conseguiu tomar no primeiro copo d´água às 21h40.

Antes que pudesse descansar, porém, foi chamado ao palco onde já estavam 13 ministros de seu governo; o vice-presidente e também ministro José Alencar; o presidente do PT, Ricardo Berzoini; os governadores Jorge Viana (AC) e Wellington Dias (PI); senadores, deputados e outras lideranças do PT.

Seu discurso de cerca de 20 minutos foi interrompido várias vezes ao coro de “um, dois, três, é Lula outra vez!” e “olé, olé, olá, Lulá, Lulá!”. O presidente, porém, tentou conter os ânimos, afirmando várias vezes que sua prioridade, agora, é continuar governando o Brasil.

“Tenho que priorizar o meu governo. Foi para isso que eu cheguei até aqui”, disse. Para Lula, é esse compromisso que irrita os adversários. “Vou governar até o limite da lei. Não adianta se incomodar. Fui eleito para fazer o que estou fazendo”, garantiu, numa referência ao políticos da oposição que querem impedi-lo de viajar o país mostrando os resultados de sua administração.

O presidente ressaltou, ainda, a importância do PT para a democracia brasileira, o que desagradaria setores da sociedade que não gostam de conviver com a diferença. E concluiu: “Graças a Deus, eu não só gosto de democracia, como adoro. Adoro o debate, adoro a negociação, adoro a adversidade”.

Lula fez um breve balanço da vida do PT, lembrando dos petistas históricos que morreram ao longo destes 26 anos (citou Henfil, Paulo Freire, Carlito Maia, Lélia Abramo e Apolônio de Carvalho) e dos que decidiram abandonar o barco no meio da travessia. “Tem gente que fraqueja, tem gente que se cansa. A estes, nenhum rancor, apenas o agradecimento pelo tempo em que estiveram conosco”.

Para o presidente, o PT é como um “filho prodígio” que teria amadurecido rápido demais. “É um partido de 26 anos que não teve tempo de ser adolescente”, comparou.

A crise vivida pelo partido em 2005 também ocupou boa parte do discurso do presidente. Ele afirmou que pedir desculpas por erros cometidos é um ato de grandeza, não de fraqueza, sobretudo se isso é feito “ao povo, aos entes queridos e aos companheiros e companheiras”.

Mas ressaltou que, na política, “não vale ter depressão” nem “ficar nervoso antes da hora” ou “perder noite de sono”, principalmente no caso do PT, que, em sua avaliação, é maior do que os erros cometifos. “Ninguém pode fazer nosso partido baixar a cabeça. Não podemos permitir que tentem duvidar de onde partimos, onde estamos e onde queremos chegar”, concluiu.
Leia a íntegra do discurso de Lula no aniversário do PT

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