Com a proibição dos showmícios, a campanha eleitoral em Pernambuco tem seu novo astro: o escritor Ariano Suassuna, suplente na chapa de senador do PSB.
Aos 79 anos, ele tem roubado a cena em palanques, caminhadas e visitas a universidades.
Até supre a ausência de atrações musicais, vetadas pela Justiça Eleitoral. Sem acompanhamento de instrumento algum, conclama a massa a cantar um hino carnavalesco muito popular em Pernambuco e cujo verso mais famoso diz que “nós somos madeira de lei que cupim não rói”.
“Tenho profunda compaixão e respeito pelos políticos decentes. Porque a política é uma atividade que, levada a sério, é das mais importantes.
Aristóteles dizia que a política é a arte de promover o bem comum. Então, fico com vergonha quando vejo esses políticos traindo o povo brasileiro. Fico muito triste quando vejo esses corruptos aviltando o sonho da gente, que é tão bonito”, diz Ariano.
Ariano recusou o convite para disputar o Senado pela coligação Frente Popular de Pernambuco.
Aceitou, porém, a suplência e se dispôs a fazer campanha, mesmo que isso represente uma dificuldade para concluir o livro que está escrevendo e atrapalhe a produção de três outras obras.
Por esse motivo, avisou ao candidato do PSB ao Senado, Jorge Gomes: uma vez eleito, ele não tem o direito de renunciar ou morrer. “Se a alternativa é o descaso e a indiferença, prefiro o assédio.
Fico muito contente, aos 79, de ser recebido assim. Não é muito comum um velho dessa idade ter esse tratamento”.
Reclama dos políticos corruptos e afirma que a traição ao povo o entristece.
COM LULA“Eu realmente não apoiava Arraes, devido à sua ligação com os marxistas, que naquela época eram intolerantes e dogmáticos.
Eram os tempos do stalinismo e, quando eu falava mal do imperialismo americano, eles batiam palmas. Quando dizia que a União Soviética estava fuzilando os intelectuais, eles diziam que eu estava vendido ao ouro americano. Sempre fui de esquerda, mas nunca fui nem serei marxista”, ressalta ele.
Ariano aproximou-se de Arraes quando este voltou do exílio e o chamou para o PMDB. A aproximação com Arraes levou-o (os dois tornaram-se grandes amigos) depois a se filiar ao PSB. No governo Arraes, foi secretário de Cultura.
Hoje, apesar dos compromissos culturais, está disposto a correr o Brasil, se preciso for, para apoiar a candidatura à reeleição de Lula.
“Se for necessário, eu vou. Mas não tenho mais idade para isso e estou precisando escrever quatro livros, o que não deixa de ser um ato de fé em Deus, aos 79 anos.
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