Representantes de diversos movimentos sociais brasileiros assinaram um manifesto em solidariedade à decisão do presidente da Bolívia, Evo Morales, de nacionalizar as reservas de petróleo e gás de seu país. A medida foi anunciada por Morales na segunda-feira (1º).
O documento, intitulado "A Bolívia tem direito à soberania sobre suas riquezas!", reconhece o direito do povo boliviano de controlar suas riquezas naturais. "A soberania não se discute, se respeita!", diz um dos trechos do manifesto, assinado por entidades como a Comissão Pastoral da Terra (CPT); a Associação Brasileira de Organizações Não- governamentais (Abong), o Instituto de Políticas Alternativas para o Cone Sul (Pacs); Rede Brasileira Pela Integração dos Povos (Rebrip) e Associação dos Engenheiros da Petrobrás do Rio de Janeiro.
Os representantes dos movimentos sociais argumentam que o povo boliviano passou 500 anos sofrendo "a sangria de seus recursos naturais não renováveis pelas potências coloniais e imperiais". E acusam os países europeus de levar os minerais do país, financiar guerras e promover a pobreza localmente. "O estanho foi levado como matéria prima para produtos industriais da Europa e dos Estados Unidos. Ficaram os buracos, a pobreza e o esquecimento", diz o texto.
O manifesto também pede que o Brasil apóie a decisão de Morales. "Meio século depois do Brasil, a Bolívia nacionaliza suas riquezas energéticas. Por que não reconhecer para a nação irmã o direito que reivindicamos como legítimo para nós e que deu origem à nossa maior estatal, a Petrobras?"
Em outro trecho, o documento diz que a atitude de Morales deve ser entendida como o cumprimento de uma promessa feita à nação durante a campanha eleitoral. "No Brasil, a mídia e a ampla gama de políticos de direita vai ao ataque", dizem os ativistas, para quem a cobrança feita ao governo de uma atitude dura contra Morales tem como pano de fundo o interesse das grandes potências. "Trata-se de defender os ganhos de uma empresa estatal, a Petrobras, cujas ações são hoje controladas por acionistas privados dos Estados Unidos na proporção de 60%, sendo 49% de estadunidenses e 11% de testas-de-ferro no Brasil", diz o texto.
O documento defende que o presidente boliviano abriu caminho para um processo de negociação mais justo, em que os interesses do povo boliviano terão prioridade. "Está criado o contexto para acordos que, talvez pela primeira vez na história recente daquele país, virão beneficiar as duas partes sem prejuízo da que é economicamente mais fraca".
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