Entidades empresariais e sindicais se manifestaram em apoio ao governo e à indicação de Guido Mantega para o Ministério da Fazenda. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) divulgou nota hoje (27) em que afirma considerar "inaceitável" que a saída de Antonio Palocci do Ministério da Fazenda sirva para alimentar uma "campanha da oposição" com o objetivo de "desestabilizar o governo federal".
No texto, a CUT diz também esperar que o substituto de Palocci atenda às reivindicações dos trabalhadores, gerando empregos e dando prioridade às políticas sociais.
"Consideramos inaceitável que uma irregularidade como essa e a conseqüente saída do ministro da Fazenda continue sendo usada como combustível de uma insidiosa, oportunista e hipócrita campanha da oposição, com a ajuda de setores da mídia, para desestabilizar o governo federal", defende a nota.
Na nota, a CUT ressalta ainda ser contrária à quebra ilegal de sigilo bancário.
Fiesp
A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) afirmou ontem (27), em nota, que o afastamento de Palocci não irá alterar a relação da entidade com o governo.
"Seja quem for o ministro, será mantido o diálogo hoje existente e prevalecerão, sempre, os interesses do Brasil", diz a nota, que ressaltou ainda que o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Guido Mantega, nomeado para assumir a Fazenda, tem "excelente relacionamento com a Fiesp".
Para o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, que assina a nota, a economia não deverá ser abalada: "Devemos estar acima de nomes, preocupados em buscar as soluções mais adequadas para os problemas do país".
CNI
A Confederação Nacional da Industria (CNI) lamentou ontem (27), em nota, o afastamento de Antonio Palocci do Ministério da Fazenda. De acordo com a nota, o ex-ministro "imprimia à condução da política econômica uma postura serena e equilibrada".
A nota destaca o balanço positivo da gestão de Palocci e o reconhecimento internacional. E classifica como indesejável o "clima de instabilidade e questionamentos" gerados pelos fatos anteriores à sua posse.
Segundo a nota, "o importante é que o presidente afirme seu compromisso com certas diretrizes da política econômica que devem ser preservadas e que o país e o mercado possam receber com serenidade essa substituição do ministro".
Febraban
A Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) também divulgou nota, onde destaca que Palocci foi fundamental para conduzir a economia "com segurança para o estágio atual, com credibilidade externa e situação fiscal sob controle. Foi uma gestão competente”. A nota, assinada pelo presidente da entidade, Márcio Cypriano, afirma que espera a continuidade das linhas da política econômica, “com a continuidade da responsabilidade fiscal, liberdade cambial e política de metas de inflação".
Dieese
O diretor do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Clemente Ganz Lúcio, afirmou hoje (28) que o fato de o novo ministro da Fazenda, Guido Mantega, ter passado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), gera a expectativa de que possa ser sensível a necessidade de o país ampliar os investimentos públicos em infra-estrutura.
"Acho que o debate que a sociedade está fazendo e está preocupada é que o desenvolvimento do Brasil esteja assentado em uma política voltada para a produção", disse. Para isso, observou que a taxa de investimento em infra-estrutura tem que crescer. "Temos que construir estradas, ferrovias, portos, indústrias e que sejam produzidos bens que as pessoas possam consumir".
O diretor do Dieese disse ainda que "é preciso que a estabilidade esteja assentada no crescimento e não no freio", referindo-se à taxa de juros. No entanto, ponderou que ninguém pode esperar que ocorram mudanças expressivas na política monetária, pois "é difícil sair da armadilha dos juros".
Firjan
O novo ministro da Fazenda vai manter a mesma linha de seu antecessor, acredita o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro(Firjan), Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira.
"A política econômica é do presidente Lula. Ele foi avalista dessa política que está sendo implantada e nós estamos começando a colher os frutos positivos dela", justificou Gouvêa Vieira.
Segundo o presidente da Firjan, o brasileiro pagou o preço para "construir um país sério, que nos deu luz para o futuro". Ele analisou que, "agora, nós estamos começando a ser levados a sério pelo mundo".
Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira diz ter convicção de que Mantega atuará na pasta da Fazenda com toda a consciência, apesar de reconhecer que cada ser humano tem seu estilo próprio de agir. "Mas o objetivo, a maneira e o programa são os mesmos", ressaltou.
Fecomércio
A diretora do Instituto Fecomércio (Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro), Clarice Messer, afirmou hoje, ao comentar a posse de Guido Mantega no Ministério da Fazenda, que o Brasil já ultrapassou a barreira de ver mudanças gerando graves crises. "Já viramos essa página", disse Clarice.
Segundo a economista, com a posse de Mantega, poderão ocorrer oscilações em relação ao dólar e à questão do risco e no mercado de capitais. "Não poderia ser de outra forma. Alguma oscilação sempre há", afirmou Clarice, ressaltando, porém, que não há sinal de crise. Ela disse que a expectativa do Instituto Fecomércio é que os sinais de melhora sustentada da economia continuem.
"O comércio tem dado sinais de melhora nos últimos meses, o que não fazia há algum tempo com um certo vigor. Isso tem sido verdade para o comércio, para o emprego, para a inflação, para a renda habitualmente recebida, que é medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)", lembrou a economista. Para ela, o comportamento desses indicadores não deverá mudar nos próximos meses: "Acho que a base de sustentação foi já colocada".
Para a economista, apesar do discurso de Mantega em defesa da queda taxa básica de juros (Selic), enquanto presidiu o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), dificilmente o novo ministro da Fazenda terá alguma influência sobre as decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, a quem continuará cabendo a palavra final sobre o tema. "Não imagino que seja a mudança de ministro que fará com que o BC não faça o seu trabalho".
Agência Brasil
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